terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Análise: Donkey Kong Country Returns




 A filosofia adotada pela Nintendo nessa geração sempre foi muito clara para toda indústria: Criar a maior variedade possível de jogos para agradar todo tipo de público, desde o jogador mais casual (Aquele que joga apenas para se divertir, sem exigir muito envolvimento com o jogo), até o público velha-guarda dos games, que joga desde a era do NES. A vantagem dessa linha de pensamento é que a diversidade dos gêneros de jogos para o console fica vasta, deixando-o mais versátil e, de fato, o Nintendo Wii o é! A E3 2010 foi o auge desse discurso. Tivemos o anuncio do novo Zelda, um NBA totalmente arcade, um Kirby com visual extremamente criativo, o Wii Party para quem curte reunir a galera, o remake do Goldeneye para os saudosos do clássico do Nintendo 64 e, por fim, Donkey Kong Country Returns. Este último sim foi uma surpresa para todos. Para muitos, o anuncio do retorno da franquia às antigas foi a maior surpresa da feira, e não é pra menos.
A saga Country foi uma obra-prima criada pela antiga Rareware - hoje propriedade da Microsoft - exclusivamente para o Super Nintendo. O sucesso do primeiro Country foi tão grande que rendeu três excelentes jogos para o console. Cada fã tem seu favorito. O grandioso sucesso da série Country só não foi maior que o fracasso dos jogos posteriores do Macacão. A própria Rare falhou miseravelmente em trazer a franquia para o gênero plataforma 3D no Nintendo 64, isso, claro, 
se levarmos em consideração o estouro que foi Super Mario 64. Então, nesse período, o brilho do personagem só era notado em jogos Party da Nintendo, como Mario Kart, Mario Party, Mario Tennis e jogos do gênero. No início de 2005, já no Game Cube, a Nintendo tentou trazer o gorila de volta ao topo, devolvendo o personagem ao clássico gênero plataforma 2D. Donkey Kong Jungle Beat foi bem divertido, mas, no fundo, não tinha o glamour da saga Country. Hoje, 16 anos após o lançamento de Donkey Kong Country original, o gorilão retorna e em grande estilo num jogo repleto de novidades e idéias que abusam da criatividade. Desenvolvido agora pela Retro Studios – Isso mesmo, a softhouse responsável pela aclamada série Metroid Prime – o game trouxe de volta a franquia para uma posição digna, no topo dos melhores games do gênero, para muitos, superando até mesmo os originais.

A História:

O enredo segue a mesma tendência do Country original.
As bananas preciosas de Donkey Kong são roubadas, só que agora a ousadia não é dos Kremilings e seu comandante K. Rool, e sim, de uma tribo de pequenos seres conhecida como Tik Tak, que utiliza um poder hipnótico para fazer com que os animais da floresta os ajudem nessa perigosa façanha. Quando DK se dá conta suas bananas já estão longe e quase fora de alcance. Um dos membros da tribo tenta hipnotizá-lo, mas o macacão se mostra imune e devolve um soco que leva a estranha criatura para os confins da floresta. Cabe agora ao Gorilão recuperar seu bananal de volta. Para essa feliz jornada, ele conta com a ajuda de seu fiel companheiro: Diddy Kong. O desafortunado macaco conta com uma mochila-jato que o permite flutuar alguns segundos no ar  .

Gráficos:

A parte visual do game está espetacular. A floresta nunca esteve tão viva e com detalhes tão minuciosos que fazem você esquecer que o Wii não é um console de alta definição.

O cenário todo responde aos movimentos de Donkey Kong. Bata com as mãos no chão e você percebe as ondas de impacto nas árvores que balançam próximas dele. É lindo ver as partes do cenário que se destroem, que desabam, que caem, que explodem, que quebram... Dá pra perceber que a Retro não poupou esforços para deixar o jogador vislumbrado com tanta beleza no visual. As fases apresentam um alto teor artístico que culmina num level design altamente criativo e temático. A modelagem de todos os personagens é suave mas não é impressionante. O conjunto é bastante funcional e é fácil notar que há harmonia no todo.

Gameplay:

O gameplay traz ao mesmo tempo elementos de familiaridade e de novidade. Familiar por que a macacada ainda rola, pula em cima ou joga barris para detonar os inimigos. Suas vidas ainda são medidas em balões – Que podem ser encontrados pelas fases ou comprados da lojinha do Cranky Kong - As novidades são que agora há dois corações de vida (quatro se Diddy Kong estiver com você), o fato de só poder jogar com o Donkey Kong no single player e um jato nas costas de Diddy Kong que te permite manter-se no ar durante os pulos por alguns segundos (o que é extremamente útil em algumas partes). Para quem estava acostumado com o famoso “bateu morreu” do Country original não se iludam!

A elevada dificuldade justifica os corações e até mesmo o jato de Diddy que facilita e muito os pulos. Se a Retro optasse pelo one-hit-die (um toque morre) o jogo com certeza seria demasiadamente frustrante. A jogabilidade não foi um ponto forte no jogo, pois, só há duas possibilidades de controles: wii-mote deitado ou combo wii-mote + nunchuck. Mas isso, por si só, não seria um problema se o esquema de botões não incomodasse tanto. O incômodo? Ter que balançar o wii-mote para fazer o personagem girar! Com o tempo, se você joga com o controle deitado, isso fica muito cansativo. Por isso, sem dúvida alguma, a combinação wii-mote + nunchuck é a melhor opção... Convenhamos, é mais fácil balançar o wii-mote com a mão direita que balançar as duas mãos com o controller deitado. O ideal seria dar opções que possibilitassem a troca de botões de comandos. Rolar apertando o 1 com o wii-mote deitado parece mais intuitivo... Ah, o lance de pegar as letras que formam a palavra KONG está intacto. Mas agora, além de ter que procurar pelas letras, você deve encontrar uns pedaços de quebra cabeça escondidos pelas fases. Cada fase tem uma quantidade certa escondida de peças que, ao final da mesma, formam uma figura. Isso alimenta a dinâmica de exploração em busca de segredos que era bastante divertida no jogo original.

Audio:

Comecemos pela trilha sonora que tem dividido opiniões dos gamers mundo a forma... Mas antes tenha em mente ao jogar que a idéia era trazer nostalgia aos jogadores velhacos e dar um tom de modernidade aos novatos. Para isso, a Retro optou por reutilizar a maior parte das músicas de Donkey Kong Country só que remixadas. Essa idéia é muito boa e funcional, pois cumpre perfeitamente seu papel. As músicas novas também são legais e seguem a mesma linha criada por Wise-Beanland-Fischer, responsáveis pela trilha de Donkey Kong Coutry do SNES. O restante foi todo mantido. Os sons clássicos quando você pega bananas ou alguma das letras ou quando você pula em cima de um inimigo... Chega a ser engraçado avançar nas fases e escutar esses sons. Eles te levam de volta a 1994. Genial!

Veredito:

Apesar das muitas qualidades citadas acima, o jogo não é perfeito. Tem muita coisa que poderia ser mais bem aproveitada... Os animais, por exemplo. Só tem o Rambi das antigas que você controla in-game e o Squawks, que nem é controlável (ele aparece no canto da tela e faz papagaiada quando você está próximo de alguma peça de quebra-cabeça, mas você precisa “comprá-lo” na loja do Cranky).
 Grande parte do brilho da série Country era a diversidade na jogabilidade dos animais. Se a Retro tivesse inserido mais animais no game abriria pontos de possibilidade de muita criatividade, se considerarmos a estrutura usada no jogo. A questão dos controles também é um ponto negativo que já foi mencionado, mas outro potencial desperdiçado que poderia despertar mais nostalgia é a falta de fases aquáticas e ambientes na neve que outrora foram memoráveis na história da franquia. Ainda assim, o jogo é espetacular! Esses detalhes mencionados não tiram o mérito da Retro Studios em ter criado o melhor jogo do gênero dessa geração, que põe em cheque mesmo a trilogia original da Rare.  É diversão garantida independente da sua postura gamer, mas fique atento a dificuldade, pois para alguns o jogo pode deixar um trauma semelhante ao pânico gerado pela franquia Battletoads do NES, da Rareware. Pedreira!

Recomendação: 95%

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