sábado, 31 de dezembro de 2011

Wii U e os desafios da próxima geração




O ano de 2012 finalmente está aqui, e está passando rápido. Para gamers, especialmente os apaixonados pelo universo Nintendo, este parece o ano de grandes novidades... E não é para menos: O 3Ds decolou recentemente (a partir do mês de novembro) com os estouros Super Mario Land 3D e Mario Kart 7 - Sem falar em Monster Hunter Tri G no Japão. Resident Evil Revelations já está nas prateleiras para alegria de muitos e mês que vem ainda tem Kid Ícarus: Uprising! O portátil está cada vez melhor, pois conta com um excelente suporte! E ainda tem mais vindo!

Por outro lado, estamos no ano de lançamento de um novo console de mesa. Como é de costume, rumores e especulações pipocam internet a fora sobre especificações técnicas, como poder gráfico, placa de video, memória ram do hardware etc. E isso é até aceitável, já que o suspense em não revelar esses detalhes é proposital por parte da Nintendo. Mas, no momento, este artigo trata de outros aspectos referentes ao novo console. A ideia é discutir sobre o que esperar do nova plataforma, como anda o cenário atual, expectativas futuras e, principalmente, quais os desafios que o console vai enfrentar tão logo ele esteja disponível no mercado para as massas.

Primeiro, para um melhor entendimento do cenário atual, uma retrospectiva:

A atual geração de consoles teve duas frentes que batalharam arduamente pela posição de melhor console "next-gen" da atualidade. Por um lado, Microsoft (X-Box 360) e Sony (Playstation 3), com um hardware poderoso e que reproduzia gráficos em alta definição de ponta. Por outro a Nintendo, que assumiu os riscos de tentar diminuir a distância entre o jogo e o jogador , com uma nova proposta de jogabilidade, aliada a gráficos menos complexos (melhores que a geração anterior, mas bem inferiores aos concorrentes atuais). O vencedor? Difícil dizer. Pelas vendas, a Nintendo leva o primeiro lugar disparada, vendendo próximo de 100 milhões de consoles nesses pouco mais de 5 anos de existência. Pela quantidade de jogos de boa aceitação, a Microsoft e a Sony ganham com disparidade, com um suporte Third-party invejável, longe do que a Nintendo pode alcançar com seus  exclusivos, mesmo que excepcionais.

Gráfico de Janeiro de 2012. A fonte é o VG chartz.

Observando o gráfico acima, você deve estar se perguntando como é que a Nintendo conseguiu esse feito com um hardware defasado, sem um rede online convincente e ainda sem significativo suporte de grandes produtoras third-party? Como explicar isso? A resposta foi apontada por Reggie Fils-aime, atual CEO da empresa, em 2005 e é conhecida como Blue Ocean Strategy, conforme video a seguir: (clique no player do youtube para mostrar a legenda em PT-Br)




A filosofia adaptada pela Nintendo era até interessante: Transformar todo mundo em um gamer! A introdução, do até então inédito, controle por movimentos foi a sacada perfeita para o sucesso dessa nova revolução que, em partes, aconteceu. Para muitos, a sensação de ver o pai, a mãe ou o vovô e a vovó, arriscando umas raquetadas em Wii Sports foi impagável! Praticamente a família inteira quis experimentar... A diversão era mesmo palpável! Foi assim que a empresa expandiu sua audiência criando (ou permitindo que se rotulasse) dois tipos de jogadores que antes nem se pensava: O casual - que tinha um contato mais descompromissado com os jogos ou dispunha de menos tempo para jogar - e o hardcore, que dedicava cada minuto livre de sua vida para esgotar um game, até o último bite.

Para muitos, o Wii foi a primeira experiência com um video game.

Embora a estratégia tenha funcionado de fato, causando um “boom” espetacular na indústria de games, algumas consequências não foram previstas pela empresa que teve que lidar com alguns problemas.
O primeiro surgiu com o aumento desenfreado do público casual que comprava o console. Pouco (ou nada) exigente quanto a qualidade de jogos, o público “novato” costumava pagar por todo título que dava a idéia de “party” ou “sports” no nome (Carnival games e Deca sports que o digam, cada um vendeu pouco mais de 1 milhão de cópias no mundo todo). Jogos mais “sérios” como Madworld mal chegavam a 500 mil unidades, deixando  os produtores um pouco céticos quanto as vendas no Wii. Em virtude disso, muitos na indústria se viram na alegria de abocanhar esse novo mercado, lançando um estouro de jogos demasiadamente simples, verdadeiras “bombas” que pintaram um quadro totalmente errôneo do que a Nintendo havia imaginado para seu console. Sacudir o controller desordenadamente virou padrão para muitos jogos, como se fossem vender apenas por apresentar movimentos. No final das contas, aquela proposta revolucionária, que tornava a jogabilidade mais intuitiva, acabou levando o mercado do console ao caos, criando o pior de todos os problemas: Evasão progressiva de produtoras third-party de peso. Afinal de contas, quem quer um mercado caótico? Um mercado em que jogos bem trabalhados vendem mal, enquanto que jogos mais simples, baseados em mini-games sem muita profundidade ou complexidade vendiam milhares de cópias ao redor do globo?

Carnival games vendeu mais de 1 milhão e duzentas cópias!




 É claro que o hardware pobre do console também ajudou a afastar várias produtoras, que já trabalhavam com engines cada vez mais poderosas e modernas. O Wii sequer roda gráficos em alta definição! Isso com certeza colaborou com a fuga de várias third-parties para outras plataformas. É até óbvia a rentabilidade de produção de um GTA para PS3 e 360 ao invés de produzir uma versão mais limitada do jogo para o Wii, sem toda complexidade do jogo por conta das limitações de hardware.

Com isso, vão-se também os jogadores ditos “hardcores”. Pegando um exemplo recente, quem tem apenas Wii não pode jogar Skyrim, um dos games multiplataformas mais bem avaliados dessa geração. Ou Batman Arkhan City. Ou Battlefield 3. Ou... Enfim, veja onde a Nintendo se meteu! Aumentar o nicho de jogadores foi uma ideia brilhante, sinceramente. Entretanto, não oferecer hardware para as principais desenvolvedoras do mercado foi um erro que mais contribuiu para afundar o console. Afinal, jogos “oportunistas” todo console tem (e sempre terá!). Mas se a quantidade de jogos AA for considerável, gamers de verdade saberão ignorar esse fato.

Agora, observe, a Nintendo atravessa uma situação caótica, onde os jogadores hardcore sentem-se desprivilegiados em um console saturado de jogos “meia-bocas”, sem apoio nenhum de third-parties de peso (ao que parece, o Wii está mesmo beirando seus últimos dias) O que fazer? A resposta é óbvia e intuitiva: Avançar na geração! Sendo a primeira empresa a apresentar algo concreto e “next-gen”, a Nintendo parece otimista com sua proposta em oferecer uma plataforma mais complexa, oferecendo todo suporte para recuperar a confiança de grandes produtoras.

A possibilidade de jogar sem a necessidade de uma TV por sí só já uma grande inovação.




Algumas das features confirmadas são:


  • Gráficos em alta definição (Full HD, pra ser mais exato);
  • uma rede online melhor estruturada, com suporte a chat durante as partidas online ou video conferência pelo novo controle.
  • Controle na forma de Tablet, ampliando as possibilidades em se tratando de experiência in-game, possibilitando um gameplay mais complexo e cheio de criatividade;
  • Suporte ao wii-mote/wii-motion plus, para alternar experiências;

É fato que a Nintendo está se esforçando para reparar alguns erros cometidos nesta geração e ela tem aprendido rápido! Quem não lembra do sufoco que a empresa passou no ano passado com lançamento prematuro do Nintendo 3DS?
A postura adotada pelos seus diretores recentemente provou que Satoru Iwata e companhia não estão mesmo para brincadeiras. Afinal, quantos presidentes de grandes empresas diminuem em quase 50% seu próprio salário em prol do desenvolvimento dela?

Ao que parece, os rumos tomados com o Wii U, mostrados até agora, são promissores.
Afinal, quem não gostaria de ter a sua disposição uma biblioteca de jogos com Mario, Zelda, Donkey Kong, Star Fox, Metroid... Ao lado de Skyrin, Dark Souls, Battlefield, Call of Duty, GTA, Half-Life, Mass Effect... Isso sim seria revolução! A última vez que algo assim aconteceu com a empresa (suporte massivo respeitável) foi na época do SNES, e todo mundo sabe o sucesso que o console foi. E olha que os jogos não tinham metade da complexidade ou a abrangência que tem hoje. O desafio da empresa mais urgente é, portanto, recuperar o público mais entusiasta, convencendo as third-parties a produzirem seus blockbusters para seu console.  A E3 2012 já está próxima (pouco mais de 3 meses) e nela muitos mistérios sobre o novo console serão finalmente revelados. E então será possível identificar indícios se a nova estratégia da Nintendo tem dado certo. É esperar para ver!