domingo, 20 de novembro de 2011

Review: The Legend of Zelda: Skyward Sword


Há pouco mais de 25 anos, o gênio e designer nas horas vagas, Shigeru Miyamoto, criava o mítico jogo The Legend of Zelda para o nostálgico NES. Àquela época, o game parecia mágico e deu origem a um conceito diferente e muito inovador, com uma estrutura baseada na exploração e utilização de itens para avançar na história, sempre mantendo aquele tom marcante de epopéia. Ao longo dos anos esse conceito foi evoluindo com a franquia, até atingir seu ápice em 1998 com The Legend of Zelda: Ocarina of Time, jogo que estabeleceu uma estrutura quase perfeita em diversos aspectos do gameplay e enredo com muita criatividade. O game gerou uma visibilidade notável à série e o consagrou com um dos games mais influentes e criativos de todos os tempos, elevando o conceito de video-game à condição de arte! Depois deste, seus sucessores essencialmente reutilizaram a fórmula, mudando um pouco o padrão estabelecido por Ocarina of Time, quer fosse na história (Majoras Mask), no quesito gráfico (Wind Waker) ou numa nova proposta de jogabilidade (Twilight Princess fez isso. A inclusão do lobo tinha esse propósito e a versão do Wii trazia controles por movimentos e incluía à mira um pointer).


Wind Waker foi o Zelda mais criticado pelos fãs quando lançado por causa de seu visual cartoonesco. Com o tempo, ganhou o posto de Zelda favorito no coração de muitos gamers fã da série.

Skyward Sword pega tudo que consagrou a franquia até hoje, modifica de forma criativa e oferece uma experiência satisfatoriamente inovadora mesmo para os mais aficionados e acostumados com série. Em outras palavras, é o mesmo Zelda de sempre, mas jogado de uma forma completamente diferente, levando a jogabilidade ao cúmulo do intuitivo com uma base inteiramente funcional, graças ao acessório Wii-Motion Plus.

O primeiro impacto dessa mudança é o estilo gráfico adotado no jogo. Artístico é pouco pra defini-lo. No mínimo surreal!  Rompendo totalmente com o estilo sombrio de Twilight Princess, o visual de Skyward Sword, escolhido pelo próprio Miyamoto, remete a um estilo que ressalta a vida do mundo de ”Hyrule” pelo exagero de cores e contrastes. Baseado no Impressionismo, estilo artístico criado por Claude Monet durante o século XIX, o game traz uma harmonia de cores vibrantes e iluminação suaves, dando uma ênfase maior à natureza e suas paisagens.  Dá pra dizer que o gráfico se confunde entre Wind Waker e Twilight Princess, mas sempre mantendo a personalidade. 






Claro que o estilo causou polêmica em alguns fãs mundo a fora, sobretudo, para aqueles que sonhavam com um Zelda num estilo gráfico mais realista, que levasse o potencial gráfico do Wii ao extremo. Para esses, no entanto, é bom ressaltar que essa premissa nunca foi um característica da série. Por outro lado, para os gamers de mente mais aberta e sedentos por inovação, foi uma escolha muito sábia e criativa. Principalmente no Wii que, indubtavelmente, não é a casa perfeita de games com gráficos no nível dos consoles em alta definição.  Outro aspecto visual relevante é o level design.  Seguindo o padrão de qualidade da série, o design dos cenários casa perfeitamente com estilo adotado. Tudo foi pensado nos mínimos detalhes dentro da temática de cada cenário. Simplesmente genial!

Mas o ponto alto da novidade e que agradará a maioria é de fato a jogabilidade. Quando você levantar a espada pela primeira vez e sentir a precisão do movimento proporcionado pelo acessório Wii-Motion plus nada mais será o mesmo. A movimentação da espada pode ser suave, rápida, para cima, para baixo, para frente, para direita, esquerda ou quaisquer das diagonais. Finalmente, depois de 5 anos com o Wii no mercado, a Nintendo prova que controles por movimento pode sim trazer uma experiência única e demasiadamente agradável - Não chega a ser cansativo movimentar a espada em Skyward Sword, desde que jogado moderadamente. Se todo jogo de Wii tivesse seu gameplay pensado nos controles de movimento com a tecnologia do giroscópio desde o início, a história do console seria completamente diferente! Dessa forma, Skyward Sword faz exatamente o que pretende fazer: Criar a sensação pessoal de controle da Master Sword e de outros itens com o movimento preciso de suas mãos. Exagero? Definitivamente não.  




A precisão da espada e de outros oito itens é tão grande que dá gosto de jogar, pois cada um deles (com exceção do estilingue e do arco e flecha que são muito semelhantes) tem uma jogabilidade única e bastante intuitiva. Para ativar a espada, por exemplo, basta dar uma sacudida rápida no controle e ela estará a sua disposição. Já os itens são acionados segurando o botão "B" do Wii-remote. Nessa hora, em forma de círculo, surgirá todo seu arsenal e o jogo continuará rodando ao fundo, sem nenhuma pausa. Para selecionar um, basta girar o controle até o cursor aparecer no item desejado. Solte o gatilho e voilá. O Item estará pronto para ser utilizado. Aperte o gatilho novamente para desativá-lo. Isso quebra com um padrão criado em Ocarina of Time que atribuía um botão para cada item do jogo. Como normalmente em um game Zelda tem mais itens que botões, em alguns momentos era necessário pausar o jogo para organizar novos itens nos botões. 

Agora, com a ajuda do Wii-Motion Plus, seus itens estão todos ao alcance de um giro.

Outra novidade legal ocorre com os itens que fazem uso de  mira. Graças ao Wii-Motion Plus não é mais necessário apontar para a tela, o controle nesse caso funciona como um mouse 3D. Ao acionar a mira, a posição do controle ficará marcada como ponto "zero". A partir dai você movimenta o controle no espaço para movimenta-la. Não importa se o ponto "zero" foi marcado com o controle na posição vertical ou horizontal, ele responderá de forma natural aos seus movimentos. E se a posição do controle não estiver confortável, mude-a e aperte para baixo no D-pad para calibrar o novo ponto "zero". Assim, a jogabilidade poderá ser ajustada para todos os gostos, inclusive simulando a antiga mira pelo pointer do controle, como era em Twilight Princess.  

Eis uma das partes mais marcantes do jogo. Realmente extraordinária!

Toda essa precisão nos controles significa uma coisa: Melhora considerável no gameplay. Aliás, este é o Zelda com maior diversidade de gameplay na história da franquia! Para começar,  os inimigos armados de espada ou lança se defendem de forma inteligente. Cabe ao jogador analisar o ponto fraco na defesa e esperar o momento certo para executar o golpe de misericórdia. Lembram das dekubabas, aquelas plantas carnívoras características da série? Agora só podem ser derrotadas com um corte certeiro na direção da abertura de sua boca, hora na vertical, hora na horizontal. Alguns inimigos são bem mais difíceis de abrir a defesa e, para derrotá-los, você precisará usar seu escudo chacoalhando o nunchuck no momento exato do ataque inimigo. Isso abrirá a defesa dele e você poderá desferir os seus golpes com todas as suas forças. Aliás, a posição de defesa com o escudo é bem diferente em Skyward Sword.  Não é mais possível manter a defesa ativada o tempo todo, você movimenta bruscamente o nunchuck para ativá-la por um tempo. No momento exato que você fizer esse movimento, Link empurra o escudo para frente e o mantém firme ativado. É esse empurrar que quebra a defesa dos inimigos e pode ser usado também para rebater projéteis. Se você errar o tempo, seu escudo vai enfraquecendo até quebrar com os ataques. Uma barra de "life" mede a resistência do seu escudo e, antes de chegar a "zero", você pode consertá-lo ou até mesmo evoluí-lo em Skyloft, terra natal de Link. Você poderá evoluir também alguns dos seus itens, tornando-os mais poderosos ou acrescentando algumas novas funcionalidades. Os materiais que são usados para fazer essa evolução são encontrados durante toda sua jornada nas diferentes localidades do jogo -  Alguns materiais só podem ser encontrados em regiões específicas - , tornando sua aventura mais rica em exploração. 


Os inimigos tem estratégias de combate. Encontre o ponto fraco e faça o corte sem medo!

Por falar em localidades, a história se desenrola principalmente em três, além de Skyloft, uma ilha flutuante onde você inicia sua jornada. Para salvar a princesa, Link deverá literalmente descer dos céus para percorrer as entranhas da floresta Faron, a aridez do deserto de Lanayru e o clima quente do vulcão de Eldin. O detalhe é que agora o jogo empresta um pouco o esquema largamente usado na série Metroid, abrindo acesso a áreas antes inacessíveis, conforme você recebe novos itens ou evolua habilidades do personagem. Dessa forma, essas três regiões se transformam em várias outras, em alguns casos, totalmente diferentes e nada temáticas em relação à localidade original. Tudo isso contribui para a sensação de novo ao jogo a medida em que você vai avançando. Para entre as três principais localidades, Link tem ajuda de seu pássaro companheiro, um Loftwing gigante e vermelho, que o guiará pelos céus em sua jornada. Para chamá-lo, basta você se lançar em queda livre das plataformas de Skyloft - ou de outras ilhas flutuantes que compõem o "reino dos céus" - ou usar as estátuas-pássaros que te jogam de volta aos céus espalhadas pelo jogo todo. Outra companhia agradável durante sua aventura é a simpática Fi, a essência viva da espada que te ajudará em vários momentos de sua jornada. Com uma voz mecanizada e um ótimo senso de humor, Fi se mostra a companhia perfeita, companheira para quase todas as ocasiões. Não se surpreenda se ao final do jogo você se deparar com um sentimento de apego à personagem, pois ela tem lá seu charme e é cheia de personalidade. 


O pássaro é controlado por controle de movimentos semelhantes ao mini-game de avião de Wii Sports Resort. A trilha sonora desses momentos é mágica.

Outro ponto que vale a pena ser mencionado é com relação a nova estrutura de dungeons e puzzles. Em alguns momentos do jogo você estará explorando uma área aberta até perceber que na realidade está confinado, perdido dentro de uma dungeon. Isso porque vários quebra-cabeças estão cuidadosamente espalhados por vários ambientes do jogo. Sem contar com a engenhosidade desses puzzles que, na sua grande maioria, foram muito bem elaborados. Mais complexos e, em alguns casos com algum truque que só poderia ser executado com alguma funcionalidade do Motion-plus, os puzzles dão um show a parte e constituem um verdadeiro ode a inteligência do jogador. Criativos e extraordinários. Certamente, os melhores já vistos em Zelda. Para os impacientes, que não quiserem gastar tempo tentando entender como resolver quebra-cabeças ou mesmo não sabem para onde ir, o game usa um sistema de dicas já usado em jogos anteriores. Há algumas gossip stones em lugares específicos do jogo que mostra vídeos do que fazer numa determinada área e um vidente no bazar da ilha principal que lhe dá dicas do seu próximo passo. Mas lembre-se, antes de criticar esse sistema, ninguém é obrigado a usá-los. Então, aos jogadores mais orgulhosos, passem longe! 

Apesar de todas as novidade mencionadas até agora, entretanto, para muitos, os fatores mais marcantes porém simples, mas não menos importantes, são a forma como a história é contada e a trilha sonora que é quase que totalmente orquestrada. As CGs são as mais belas já vistas no Wii e provavelmente as melhores de toda série. Seus olhos brilharão de alegria quando ver e ouvir como a história toda é contada. O coral de vozes humanas, não mais sintetizadas, são um grande diferencial e combinadas com uma trilha orquestrada, levam o jogador a outro nível espiritual em momentos cruciais do jogo. As canções são belas e bem interpretadas. O áudio como um todo está magnífico, não há mesmo o que reclamar, embora alguns desejariam arduamente vozes nos personagens. O máximo que você ouvirá é o som da bela voz de Zelda cantando no início do jogo ou de Fi, a espada falante que acompanha Link durante sua jornada (sua voz lembra um pouco GLados, a IA de Portal, franquia muito bem conceituada da produtora Valve). Para este Zelda, contudo, com este enredo, estilo artístico, gameplay e tantas outras novidades, é uma coisa que realmente não faz falta. Quem sabe futuramente, quando a série precisar novamente se reformular, as vozes não estejam entre as novidades.  


Marque minhas palavras: Quando você ver Zelda cantando seus olhos derramarão rios de lágrimas!

Por fim, The Legend of Zelda Skyward Sword é um game novo, longe de ser mais do mesmo, com controles totalmente responsivos, um gameplay denso e uma história muito bem contada ao som de uma orquestra celestial. Com mais de trinta horas do jogo principal, seus cinco anos de espera foram finalmente recompensados. Daqui a alguns anos, quando a série for novamente reformulada, Skyward Sword será lembrado como o game mais íntimo e pessoal da série. O melhor jogo do Wii e, provavelmente, o melhor jogo dessa geração.


RECOMENDAÇÃO: 100 %

Um comentário:

  1. Parabens pela Review, em breve eu vou fazer a minha. Visite o nosso site: http://zeldaworldblog.wordpress.com/!

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